Filosofando
 

"O Mestre e o cálice"

Certo dia um sábio imperador estava recebendo vários súditos para indagar-lhes o que achavam do seu reinado. O primeiro homem já em audiência com o imperador, sentia muita sede, pois era um dia muito quente. Então perguntou ao imperador:

- Senhor! Poderia beber um pouco de água? Tenho muita sede e isto me incomoda.

Respondeu-lhe o imperador:

- É claro que podes beber! Ali há água fresca e cálices, para que possas saciar tua sede.

Dirigindo-se ao local onde o imperador havia indicado notou que haviam 2 cálices, um feito de madeira e o outro feito de ouro com inúmeras pedras preciosas. Uma peça de valor incalculável e de grande beleza. Imediatamente encheu o cálice precioso e bebeu prazerosamente a água, matando sua sede.

Terminando a audiência do primeiro homem, entrou o segundo. E tendo sede também, agiu da mesma maneira que o primeiro.

E assim ocorreu sucessivamente com vários homens, que tendo sede bebiam prazerosamente no cálice precioso. Por fim chegou a vez de um mestre zen , e tendo sede pegou o cálice de madeira; encheu de água e matou sua sede.

O imperador observando aquela atitude disse ao mestre:

- Mestre! O senhor é verdadeiramente um homem simples e livre dos apegos materiais. Todos os que aqui beberam água hoje, preferiram bebê-la no cálice precioso e não no cálice de madeira.

E o mestre respondeu:

- E por um acaso eu bebendo a água no cálice precioso mataria mais a minha sede, ou tornaria a água diferente do que ela é?

- É óbvio que não!

Disse o imperador. E continuou o mestre:

- Não houve maldade na atitude desses homens em querer saciar a sede num cálice tão belo. Com certeza foi uma grande experiência e talvez a única em suas vidas. Contarão essa história por muitos e muitos anos.

- E o senhor? Não quis ter tal experiência?

Perguntou o imperador .

E respondeu o mestre:

- Eu já tive também minha experiência meu nobre senhor. Bebi água num cálice de madeira, enquanto poderia tê-la bebido no mais belo e precioso dos cálices.

(Texto Mestre Gilmar Dantas)

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